Recepção

Péssimo dia para trabalhar! Estava Sol, o céu estava azul e ainda por cima não havia vento nenhum e o mar não mexia, pelo menos quando passei por lá há coisa de uma hora. Assim que cheguei à base da USArmy o meu mau humor de hoje era bem visível. Eu não costumava descarregar nos meu soldados, por isso mantive-me calado até há hora dos treinos.

- Bom dia, Comandante William. Tem uma carta urgente no seu gabinete, deixei-a em cima da sua secretária.

- Bom dia. Obrigado, Sarah. Se chegar mais alguma coisa avisa-me. Entretanto devem estar a chegar os novos recrutas que estiveram no México. Fala com o David para organiza-los e preciso de um relatório detalhado sobre o campo de refugiados lá.

- Entendido, senhor.

Sorri-lhe de forma educada e fui para o meu gabinete. Há anos que a Sarah trabalhava para mim como minha secretária. Era eficiente e não se distraía nem envolvia a vida pessoal no trabalho. Deixei-a trabalhar e, com medo no meu gabinete, fitei a carta. Já desconfiava do que se tratava, mas não queria abri-la. Fiquei uns segundos a olha-la e depois abri-a surpreso.

- Angola?

Li incrédulo a carta, já com milhões de pensamentos ao mesmo tempo.

- "...protecção durante três meses, de forma a equalizar o território que...", bolas... Três meses! Tenho de falar com a Joana.

Murmurei a ler a carta. Li-a umas cinco vezes do princípio ao fim, não me agradava nada, embora eu adorasse cumprir as minhas missões. Lá ia eu ter de ficar sem eles outra vez, sem ver a minha família durante três longos meses. Lá se iam as férias no Algarve com a família. Ainda por cima tinha prometido à Alex que ia alugar uma mota-de-água para andarmos os dois lá. Ia custar-me, mas tinha de fazê-lo. Levantei-me e fui ter com a Sarah.

- Preciso que fales com o Alan. Diz-lhe para seleccionar cento e cinquenta dos homens que estão melhor treinados e que eles se preparem para partir para Angola esta quinta-feira. Depois explicarei melhor a situação.

- Angola?! Mas nunca fomos destacados para África, porque é que..?

- A nossa intervenção é preciso lá, agora. Por favor, sê uma querida e faz-me isso!

- Sim, senhor.

- Obrigado.

- Deixei-a de novo e fui para a sala de treinos. Ia ficar longe da minha família, perder algumas coisas da minha filha e o jogo de final de época do meu filho e do meu neto Stefan. Mas todas as missões que já fiz transmitem algo novo e experiências gratificantes. Era duro, perigoso e esgotante, mas eu tenho esperança de que tudo corra bem e de estar de volta mais rápido do que imagino.

- Bom dia, Sarah!

Disse com um sorriso, mas visivelmente cansado. Estava mesmo a precisar de férias e de ter descanso desta vida militar. Agora vinha ao escritório, daqui a uma hora tinha de ir para os campos treinar os recrutas e verificar equipamentos. Era aquilo que eu gostava de fazer, sentia-me útil, mas não queria dizer que não cansasse o corpo e a ment.

- Bom dia, comandante!

Ela sorriu também e eu fui direito ao meu escritório. se houvesse alguma coisa de novo ou importante ela iria dizer-me. Pendurei o casaco numa das cadeiras e fui ao armário ao pé da entrada, tirando uma garrafa de água do mini frigorífico e dei um grande gole. Estava demasiado calor.

- Saudades minhas? xD Então?

Sentei-me na minha cadeira e puxei-a para o meu colo.

- Já, muitas vezes! Mas podes dizer sempre que quiseres!

Disse a sorrir-lhe e dei-lhe beijinhos no cabelo.

Sorri enquanto lhe dava beijinos e depois lembrei-me.

- Hei, queres que te vá mostrar o sítio?

Por acaso gostava que ela conhecesse o meu local de trabalho, já que eu conhecia bem o dela.

- Então, anda.

Sorri e dei-lhe a mão. Não convinha andar com ela ao colo por ali, já que isso seria estranho para os outros camaradas. Mesmo assim saímos de lá de mão dada e fui-lhe mostrar o meu local de trabalho.