Circulo De Pedra

Saí do castelo transformada na pequena gata branca e dirige-me ao sítio combinado. Enquanto corria para lá via a minha vida passar-me à frente. O Benjamin e a Zoey eram crescidos mas mesmo assim nenhum filho meu viria para esta guerra. Assim que lá cheguei passei sem dificuldade e destransformei-me, voltando à forma humana.

- Olá...

Estava completamente pálida, mas tentava manter-me firme e esconder o medo, olhando em volta à procura do Mason. Fiquei quieta e calada, à espera de sinal ou de alguma ordem para sair dali a voar, eu sabia que eles tinham Dragões negros contra nós, mas eu era só uma.

Estávamos a aproximar-nos da escola. Já sentia o cheiro a medo vindo dos que tinham ficado para lutar. Ri ao pensar nisso. Era idiotice deles oferecer, sequer, resistência.

- Vamos acabar com cada um de vocês!

Aquela Potter e o irmão já metiam raiva. Tantos anos que esperei por poder dar cabo deles os dois. Agora iria ter a minha oportunidade. Se esse prazer viesse com o matar os que se armavam em engraçados a tentar proteger essa escolinha estúpida ainda melhor para mim.

Olhei para trás e para cima. Éramos bastantes. Os suficientes para tornar o dia memorável... para nós! Era incrível o exército que tínhamos construído: não apenas os meus irmãos devoradores da morte, mas várias criaturas que a nós se tinham juntado, com sede de vingança e vontade de governar. Acima de nós, três ou quatro dragões negros, não consegui ver bem quantos eram, voavam rápido para lá para dar a primeira investida. Mas ninguém iria atacar, nem mesmo eles, até termos ordem do mestre.

Mantive-me fora do círculo, escondido algures à espera de um sinal. Estava com esperança que os meus futuros quatro filhos viesses estudar para esta escola (-.-) e portanto era óbvio que iria participar. Certifiquei-me de que tinha a minha varinha a postos. A qualquer momento poderia surgir o ataque e eu só queria ver a Joanna mais uma vez, ou despedir-me dela...

Mal soube do que estava a acontecer, aparatei na escola, com a minha varinha a postos, o Medalhão no pescoço e a minha Flecha na mão. Não precisava dela para voar, graças às forças do Medalhão, mas lembrei-me que poderia ser útil para o Gui.
Quando cheguei, ele já lá estava. Olhei para o batalhão de Devoradores da Morte e engoli em seco. Recordei um momento na minha vida muggle, em que estava numa aula de História a ver um filme sobre a Batalha de Aljubarrota e vi o batalhão inimigo a aproximar-se. Era apenas um filme, mas engoli em seco, dando graças a Deus por não ter que estar lá.
E agora ali estava eu. Parte de um batalhão, com amigos, família e o amor da minha vida em luta. Abracei o Gui com muita força, dei-lhe um beijo e a minha Flecha.

- Amor, escuta-me. Não sei o que vai acontecer, não sei se vamos sair daqui os dois, ou só um ou mesmo nenhum, mas preciso que saibas que te amo mais que tudo na minha vida. Que não há um único dia em que não dê graças a Deus por te ter ao meu lado, que és o homem mais fantástico que alguma vez conheci e que, se sairmos daqui vivos, fico contigo. Contigo! - Disse, eu, muito depressa e sempre de olho na retaguarda. A Guerra podia começar a qualquer momento, mas não quis correr o risco de morrer sem que ele soubesse o que sentia por ele. Apetecia-me chorar só de pensar na hipótese de ficar sem as pessoas que amava, mas contive-me. - Se saíres daqui vivo e eu não, por favor cuida do Tiago. Encontra alguém que te faça feliz e nunca te esqueças de mim!

Beijei-o de novo e limpei as lágrimas que me caíram pelo rosto. Olhei para a Sofia e a Joana, fazendo-lhes sinal com a cabeça, e fitei depois o lado inimigo. A guerra estava pronta a começar.

A minha irmã tinha tentado evitar a todo o custo que eu entrasse na Guerra, dado que era Muggle. Nem sequer conseguia aparatar, portanto era natural que ela não se sentisse segura por eu estar a combater numa batalha de feiticeiros, mesmo tendo a minha varinha.
No entanto, eu sempre a protegera. Sempre tinha sido o anjo da guarda dela e não era agora que isso ia parar. Não pretendia de todo deixá-la ali à mercê dos capangas do Voldemort sem fazer nada contra isso.
A verdade era que todos tínhamos ali um motivo pelo qual lutar, pelo qual morrer. Amigos, família, amor, honra...fosse o que fosse. Não havia ninguém sem uma razão para os chacinar a todos. A minha razão inicial era a minha irmã, mas agora estava estendida também à Ashley, ao Gui, à Sofia, ao Tiago e a todos os meus amigos. Eu ia lutar sim, independentemente de sair vivo da batalha ou não. Valeria sempre a pena, fosse qual fosse o desfecho.

Peguei na minha varinha com força e encarei o lado oposto. Eles eram imensos e eu tremia que nem varas verdes. Mas, mal vi a Joanna, aguentei-me firme. Passei-lhe sinal, sorri-lhe e pisquei-lhe o olho.

- Te quiero mucho, chiquitita! - Gritei-lhe.

Eu e mais uns trinta homens da minha base já estávamos há muito preparados. Tinham-nos dado esta missão e nós íamos honrá-la, acabando mortos ou não. Eu tinha mais do que um motivo para combater agora, tinha a Joana, tinha um filho. Não queria por nada agora perde-los aos dois.

Preparei-me, escondido nas árvores assim como os meus homens. Queria falar uma última vez com ela, dizer-lhe o quanto a amava e o quanto estava orgulhoso dela. Mas talvez não houvesse tempo, no entanto, ela sabia o que eu sentia.