Aula de n° 03 de História da Magia do 3° ano

- Bom dia, professora. - Disse eu, sentando-me à espera que o resto da turma chegasse. Quando a professora deu ordem para a apresentação dos trabalhos, eu pus o dedo no ar. - Não me importo de começar. Os meus parceiros eram o Ryan e o Alonzo, mas como o Alonzo desistiu da escola, nós juntámo-nos ao Tiago.

Fomos para a frente da turma e prosseguimos com a apresentação.
- Bom dia, colegas. O meu nome é Ruy Leand, este é o Ryan Philippe e ali temos o Tiago Willis. O nosso trabalho é sobre a Caça às Bruxas. - Comecei. - A caça às bruxas foi uma perseguição religiosa e social que
começou no século XV e atingiu o seu apogeu nos séculos XVI e XVII
principalmente na Alemanha, na Suíça e na Inglaterra. As antigas
religiões pagãs e matriarcais eram tidas como satânicas. O mais famoso manual de caça às bruxas é o Malleys Maleficarum ("Martelo das Feiticeiras"), de 1486.
Num sentido mais amplo, a expressão "caça-às-bruxas" costuma ser
utilizada em diversas outras ocasiões. Como exemplo temos que, durante a guerra fria[Apenas Administradores podem visualizar links], os EUA perseguiam toda e qualquer pessoa que julgassem ser comunista[Apenas Administradores podem visualizar links], seja por causa fundamentada ou não. Dessa forma, temos a caça às bruxas comunista[Apenas Administradores podem visualizar links] dos EUA.

Passo agora a palavra ao meu colega.

- Obrigado, Ruy. - Disse eu, tomando a minha vez de falar sobre o assunto do seminário. - No passado os historiadores consideraram a caça às bruxas européia
como um ataque de histeria supersticiosa que teria sido supostamente
forjada e espelhada pela Igreja Católica[Apenas Administradores podem visualizar links].
Seguindo essa lógica, era "natural" supor que a perseguição teria sido
pior quando o poder da igreja era maior, ou seja: antes de a Reforma Protestante[Apenas Administradores podem visualizar links]
dividir a cristandade ocidental em segmentos conflitantes. Nessa visão,
embora houvessem ocorrido também julgamentos no começo do período
moderno, eles teriam sido poucos se comparados aos supostos horrores
medievais. As pesquisas recentes derrubaram essa teoria de forma
bastante clara e, ironicamente, descobriu-se que o apogeu da histeria
contra as bruxas ocorreu entre 1550 e 1650, juntamente com o nascimento
da Reforma Protestante e da celebrada "Idade da Razão[Apenas Administradores podem visualizar links]".
Virtualmente todas as sociedades anteriores ao período moderno
acreditavam em magia e formularam leis proibindo que crimes fossem
cometidos através de meios mágicos. O período medieval não foi exceção,
mas inicialmente não havia ninguém caçando bruxas de forma ativa e esse
contexto relativamente benigno permaneceu sem grandes alterações por
séculos.

As posturas tradicionais começaram a mudar perto do fim da Idade
Média. No início do século XIV, na parte central da Europa, começaram a
surgir rumores e pânico acerca de conspirações malignas que estariam
tentando destruir os reinos cristãos através de magia[Apenas Administradores podem visualizar links] e envenenamento; falava-se de conspirações por parte dos muçulmanos[Apenas Administradores podem visualizar links] e de associações entre judeus[Apenas Administradores podem visualizar links] e leprosos[Apenas Administradores podem visualizar links] ou judeus e bruxas[Apenas Administradores podem visualizar links]. Os judeus que por toda a Idade Média[Apenas Administradores podem visualizar links]
tiveram liberdade de religião começaram a ser vistos com desconfiança
pela população. Depois da enorme devastação decorrente da peste negra[Apenas Administradores podem visualizar links]
(que vitimou 1/3 da população européia em meados do século XIV) esses
rumores aumentaram e passaram a focar mais em bruxas e "propagadores de
praga". Depois da Peste também se espalhou aquela idéia de que o banho
frenquente desprotegia a pele e trazia doenças para o corpo através da
água, que era supostamente contaminada por conspiradores.

Casos de processo por bruxaria foram aumentando lentamente, mas de
forma constante, até que os primeiros julgamentos em massa apareceram na
segunda metade do século XV. Ao surgirem as primeiras ondas da Reforma
Protestante o número de julgamentos chega a diminuir por alguns anos.
Entretanto, em 1550 com o fortalecimento dos estados protestantes a
perseguição cresce novamente, atingindo níveis alarmantes especialmente
em terras alemãs e suíças. Esse é o período mais histérico e sanguinário
da perseguição, que vai de 1550 a 1650. Depois desse período os
julgamentos diminuem fortemente e desapareceram completamente em torno
de 1700.
Dei o meu discurso por terminado e passei a palavra ao Tiago.

Era a minha vez de falar. Não estava muito feliz nesta aula porque tinha pena da professora Amber. Gostava dela e deixava-me triste que ela se deixasse enganar pelo idiota do meu pai. Que nem pai soube ser, sequer. Dava por mim muitas vezes a pensar em falar com ela e avisá-la do tipo de pessoa que ele é (se é que se pode chamar pessoa a um monstro daqueles), mas simplesmente preferia não me meter. Não queria ter nada a ver com ele nem com o novo filho dele. Para mim, Bernardo Riddle estava morto e enterrado.

- A partir de 1970, uma pequena e silenciosa revolução ocorreu na compreensão e no estudo
da caça às bruxas européia. Os historiadores passaram a estudar
detalhadamente os registros históricos dos julgamentos, ao invés de
confiar em relatos tendenciosos dos casos mais famosos e outras fontes
menos seguras. Essa metodologia trouxe mudanças significativas na visão
que se tinha do período. Por exemplo, no passado já se chegou a afirmar
que nove milhões teriam sido queimadas, mas hoje se sabe que qualquer
estimativa que diga que foram mais de 100 mil está muito distante da
realidade. - Disse eu, mostrando algumas imagens. - E assim damos por terminada a nossa apresentação, espero que tenham gostado e que tenham ficado esclarecidos.