Lago Negro

Tinha-me levantado bastante cedo nessa manhã. O Benjamin ainda não me tinha mandado nenhuma mensagem, por isso despachei-me e fui para o Salão Principal comer, estava cheia de fome. Enquanto caminhava para lá e depois enquanto comia. A minha relação com ele era estranha... Mas não era num bom sentido, era num mau sentido. Eu tinha medo daquilo que nos podia acontecer, porque sei que ele, de uma maneira ou de outra, sempre sentia a falta da ex-namorada, a Amy. E isso para mim é horrível, sinto-me como se fosse apenas uma substituta dela e não "A" namorada, "A" apaixonada, "A" perfeita. Mas sabia que ele gostava de mim. Só não sabia o quanto ou se era mais do que a ela. Depois de comer, levantei-me e fui dar uma volta, por acaso, vendo-o ao longe. Não sabia se havia de ir lá ou não, afinal ele é que tinha de vir ter comigo. Mas amo-o e a vontade foi mais forte. Fui devagar lá.

- Hei...

Estava de costas, olhava para o seu cabelo loiro despenteado e só tinha era vontade de o abraçar e dar-lhe um beijo apaixonado. Mas o problemas era esse: da minha parte era apaixonado, seria também da parte dele? Não sei, mas pensar nisso doía-me. Eu tinha preparado uma coisa para ele, para lhe mostrar que ele era importante para mim, que queria ser namorada dele porque gostava dele a sério. Mas tinha medo de ser rejeitada. Não que ele me dissesse que não gostava de mim, mas há muitas maneiras de se ser rejeitado... E eu tinha medo. Só queria que ele parasse de pensar na Amy quando está comigo. Não precisava que ele a esquecesse, afinal ela foi importante para ele, mas queria que ele parasse de querer que ela voltasse, porque isso magoava-me.

Ele parecia querer estar sozinho, por isso esforcei-me para ficar lá quieta e apenas dizer "olá", para depois ir embora. Só queria ouvi-lo dizer-me "olá" e, com sorte, com um sorriso junto com isso.

Fiquei completamente estupefacta quando ele me pegou na mão. Não estava à espera daquela reacção. O meu coração não podia bater mais depressa, estava demasiado nervosa. Mas abanei logo a cabeça quando ele me perguntou se estava ocupada.

- Não...

Ele era tão bonito. Eu ficava feliz se pudesse tê-lo como meu namorado sempre, era querido e lindo. Deixei-me ficar quieta, receosa e super nervosa, sentia o meu estômago às voltas.

- A sério?

Perguntei antes de me conseguir controlar. Era o nervosismo a falar e eu não controlava.

Abanei a cabeça.

- Não tenho!

Depois senti-me corar e baixei um pouco o olhar.

- Bem... Na verdade eu... Eu tinha... Tinha preparado uma coisa para nós...

Disse meio gaga. Estava mesmo nervosa e com medo de que aquilo não resultasse.

Sorri e o meu coração aliviou um pouco.

- Então vem ter comigo logo à noite, está bem? À minha Sala Comum.

- Até logo!

Sorri-lhe e dei-lhe outro beijo. Ainda não estava totalmente calma, mas achava que, pelo menos, o que eu ia fazer podia ajuda-lo a perceber que eu gostava mesmo dele e que me importava com a nossa relação. Despedimo-nos e depois fui embora, para preparar o que queria.

Desde que tinha conhecido a Jennifer que tinha mudado completamente. Bem... Na verdade eu continuava igual, o que tinha mudado era a minha maneira de ver as coisas. Eu tinha ficado furioso com o meu irmão gémeo, Andrew, por ele ter ficado com a Luana em vez de ter sido eu. A partir daí achara que não valia a pena gostar de nenhuma rapariga em especial, já que elas não valiam a pena. Aliás, a única coisa que eu queria delas elas davam-me sem eu ter de me esforçar e isso chegava-me, conhecia bastantes delas. Mas a Jenny era diferente, deu-me luta, mostrou-se desinteressada e isso fez-me lutar por ela. É uma merda, mas é a verdade. Achava-a só uma miúda estúpida, mas ela mostrou-se mais que isso e eu agora sabia que estava apaixonado por ela. Se isto que eu sentia não era estar apaixonado então eu não sabia o que era...

- Olá, feiosa...

Disse com um sorriso aparecendo atrás dela e sentei-me.

- Ya, devia, mas sabia que estavas por aqui então vim cá ter.

Dei-lhe um beijo e depois passei o braço por cima dos ombros dela.

- Está tudo bem?

- Tudo bem, não faz mal.

Abracei-a para ela não cair.

- Sim, acho que sim. Pelo menos os médicos andam a fazer por isso.