Lago Negro

-A sério Melanie?
Transformei-me em tigre e comecei a correr para ela. Saltei para cima dela e derrubei-a. A sua varinha estava a vários centímetros da mão dela e rosnei-lhe para dizer que não valia a pena. Rocei a minha bochecha nas bochechas dela. O meu coração acelerou por uma razão estranha e eu saí de cima dela deitando-me perto dela.

Oh gatinho a água está ótima.
Digo a rir-me da sua figura, nesse instante sou projetada para o chão com um tigre por cima de mim, tento chegar a varinha mas é impossível. Acabo por desistir de alcançar a varinha e ele toca-me na bochecha com a dele e ele sai de cima de mim.
Qual é o teu problema com água?
Digo num tom divertido mas ele desvia o "fochinho".
-Era apenas uma brincadeira.
Levanto-me sacudo o cabelo e tento tirar algumas ervas de cima de mmim.

Voltei ao normal:
-Eu não tenho nada com a água. Estamos simplesmente a brincar.
Sorri-lhe. Sentei-me ao lado dela:
-Gostas da minha forma animaga?

-Se o dizes...
Ergo as mãos em forma de desistência.
-Porquê que não havia de gostar?

-Sei lá...podias não gostar tigres ou achar-me feio.
Aquele último pedaço de frase tinha-me soado mal:
-Quer dizer...
Fora interrompido pela Melanie.

-Eu percebi o que quises-te dizer.
Sorrio de forma suave.
-É impossível não gostar, o meu patronus não é um tigre mas é da família. E acho que és querido na tua forma animaga. E não te acho feio.
Pisco-lhe o olho e sento-me no chão.

-Só me achas querido na forma animaga?
Achei que tinha dado um "passo maior que a perna". O coração voltou a acelerar. Ela olhou para o chão e eu já não esperava uma resposta.

Eu olho para o chão a pensar numa resposta para lhe dar. Apetecia-me mandá-lo ir dar uma volta mas quando olho para aqueles olhos azuis a vontade passa-me.
-Não, acho que também és querido em duas patas.
Digo num tom brincalhão, o ar estava a ficar pesado.

As minhas bochechas estavam a queimar-me de tão coradas:
-Tu também és querida...e bonita.
Não sei se me devia aproximar dela e por isso deixei que fosse ela a fazer algum movimento.

Levanto-me e dou uns passos em direção ao lago.
-Querida? Isso é porque ainda não me conheces.
Digo abraçando o meu corpo.

Levantei-me e fui ter com ela:
-Está tudo bem?
Queria abraçá-la, mas acho que não devia. Não tinha a certeza do que sentia.

Desvio o olhar para ele.
-Sim, porquê que não havia de estar?
Digo piscando os olhos com ar inocente fingindo que nada tinha acontecido.

-Não me interpretes mal...
Dei-lhe um beijo na testa e abracei-a. Nesse momento percebi o que sentia por ela:
-Tu és querida.
Sorri-lhe e disse-lhe antes de me transformar em tigre:
-Monta-te!

Fico imobilizada enquanto ele dá-me um beijo e abraça-me e de seguida ele transforma-se e fica a espera que eu monte.
-Tens a certeza? Eu não sou nenhuma pluma.
Ele acena com a cabeça e eu sento-me em cima dele com cuidado, agarro-me ao pescoço sem tentar magoa-lo e ele começa a andar.

Caminhei com ela e cima de mim. A tarde solarenga começava a ser substituída por um crepúsculo escuro. Baixei-me dando sinal para ela descer. Quando saiu voltei à forma normal:
-Daqui a pouco vai nevar um pouco. Queres ir dar uma volta pelos caminhos da escola? Podes montar-te num tigre....
Olhei para ela esperançoso.